Vestidas com roupas de enfermeira, ativistas do grupo feminista Femen fazem protesto antifascista diante de poster da ultradireitista francesa Marine Le Pen, em Henin-Beuamont, no norte da França, neste domingo (25), durante as eleições europeias. (Foto: Jacques Brinon/AP)
Segundo as últimas pesquisas de opinião divulgadas antes do início das eleições para o Parlamento Europeu, na última quinta-feira, os partidos de extrema direita devem ganhar cerca de 30% das cadeiras em disputa até este domingo (25), embora o que eles possam efetivamente fazer em termos políticos com essa vitória seja muito pouco.
As eleições europeias não têm sido assunto de destaque - até as primeiras pesquisas desse ano mostrarem um grande avanço da extrema direita. Muito desse cenário cravado por partidos que se opõem à união das 28 nações é apoiado em votos de protesto contra a fraca e demorada resposta à crise econômica nos países europeus.
Os 30% de cadeiras que os partidos anti-Europa devem ganhar, no entanto, não devem mudar muito as ações dos 751 membros do Parlamento. Mas o avanço do grupo anti-Europa poderia dificultar a aplicação de medidas impopulares para promover o crescimento e cortar despesas.
"É provável que os partidos de extrema direita ganhem pontos significativos nas eleições para o Parlamento Europeu neste final de semana. Esses partidos parecem bem sucedidos em redirecionar algumas frustrações de eleitores contra imigrantes - o que me parece injusto, pois os imigrantes certamente não foram a causa dessa crise no ciclo de negócios. Mas outros partidos da Europa não têm tido muito sucesso em direcionar a culpa na direção correta" - avalia em entrevista ao G1 o professor de sociologia da Universidade Harvard Jason Beckfield.
Segundo ele, a frustração com a União Europeia (UE) aumentou em muitos países, mas "é muito difícil medir porque a União Europeia tem diferentes significados para as pessoas, dependendo de sua classe social, sua cidadania, sua idade e sua identidade de gênero. Então, medindo tudo isso junto, duvido que tenha existido uma enorme mudança de atitudes em relação à UE. Eu definitivamente acredito que os programas de austeridade da UE afetaram a opinião dos cidadãos na Grécia, Espanha e Portugal. Acho que ainda é o caso de a maioria dos europeus apenas não ligar para a UE, o que é uma pena, porque ela está se tornando mais e mais importante com o tempo para as coisas que a maioria das pessoa se importa: políticas sociais e desigualdade social."
Essa é a primeira eleição europeia após a crise desastrosa da zona do euro que começou em 2009. Mas segundo analistas, o impacto do voto anti-Europa não deve ser grande - o Parlamento não tem por si só o poder de legislar e fica com o dever apenas de revisar e emendar propostas da Comissão Europeia, o órgão executivo europeu.
"O cenário mais esperançoso que consigo imaginar é que uma vitória da extrema-direita favoreceria um engajamento democrático com a UE. Se isso acontecer - se o número de votantes das eleições para o Parlamento Europeu chegar ao nível dos votantes para as eleições nacionais - seria muito bom para a Europa e no fim muito ruim para a extrema direita. O cenário mais provável é o de que a extrema direita vá bem nessas eleições parlamentares, mas tenha pouco impacto na UE por causa da natureza fragmentária da política extremista de direita, e por causa dos limites legais do poder do Parlamento Europeu - que não tem poder para fazer muito", disse Beckfield.
FONTE G1
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